quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Salvador: De Quem é esta Cidade?

O carnaval, com seu investimento publicitário, é o centro das atenções, deixa seus rastros na rua, na imagem e na economia urbana.O odor pouco agradável do pós-festa não exalou por completo, é o início do cotidiano da vida urbana e do ano letivo das escolas.Quando não é a dificuldade de se adquirir o mínimo indispensável para a sobrevivência, é a insegurança, o descaso com a coisa pública e ausência de cidadania cultural.Não só de festa, para atrair visitantes, vive uma cidade, se ela não tem uma história, seus benefícios não são democratizados,não há uma prática de cidadania, é difícil ser habitada com intimidade e desejo.O desejo da cidade, do espaço público foi substituído pelo desejo do efêmero e, efêmeros também são os valores e a cultura urbanos. Sem vontade política, a preservação de sua imagem e do que é coletivo foi reduzida a discursos acadêmicos esquecidos em prateleiras de bibliotecas.Salvador, como qualquer outra cidade moderna, é resultado de transformações de valores, modelos econômicos, decisões políticas de um “progresso” autoritário que faz uso de todas as possibilidades de domínio de natureza, em benefício exclusivo do capital.Diante dos prédios e apartamentos de luxo, presenteados com a Baía de Todos os Santos, erguidos sobre a s ruínas de casarões que falavam de outros tempos acumulados no fundo da memória, destacam na paisagem, engarrafamentos, dificuldades de transporte, o aumento da precariedade dos modos de vida urbano e o esvaziamento cultural.A experiência de andar nas ruas é enriquecedora. Mas esta cidade da intimidade, da experiência, da coletividade foi roubada de nós pelo capital e os interesses privados.

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